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Cai do céu! É de graça! Eu quero!

25 | 02 | 2016
Fala Diretora
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Cai do céu! É de graça! Eu quero!

O que cai do céu? Chuva! Resposta correta e olhe lá que tem vez que a danada da água celeste tarda e nós ficamos a ver navios, com os olhos espichados para cada nuvem.
De resto, pouca coisa cai do céu, mas creiam, tem muita gente de boca aberta para abiscoitar tudo o que possa vir no peito, de graça, na faixa e sem fazer nenhum esforço para tal.
De onde vem essa ideia?
Há quem diga que essa predisposição para “ganhar” tudo, trabalhar (ou não) o mínimo e ficar vivendo a vida numa boa, deriva de nossas raízes indígenas! Será?
Se algo nos é dado sem que o compremos, isso deve ter custado para alguém, pois os bens não nascem por si, não brotam do chão. Não é?
Lembro-me bem dos esforços de minha família para que tivéssemos uniforme escolar: saia azul pregueada, camisa branca, sapato preto e meias brancas. Éramos alunos de escola estadual. O que nos diferenciava era o nome da escola no distintivo da blusa.
O uniforme era guardado após a chegada da escola, bem como o sapato, que era o único! Para a escola, para a festa e para a missa. Preciosos!
Nem sonhar com material escolar, uniforme, transporte e merenda gratuitos.
Era um tempo de sacrifícios medonhos, mas cada conquista era valorizada ao máximo! Tirar leite de pedra era a missão impossível/possível das classes trabalhadoras. Cada um se virava para prover sua família apenas com aquilo que o suor do rosto pudesse adquirir.
Como se andava à pé! Meu Deus! Era indecente pegar um ônibus ou bonde para meros oito ou dez pontos! Tudo era questão de um pequeno ou grande sacrifício para beneficiar o magro orçamento doméstico.
Terrenos eram adquiridos a perder de vista, sem juros! Pessoas construíam suas casas aos poucos! Caiam para dentro assim que um telhado surgisse. Depois, iam concretizando o sonho.
Bons e saudosos tempos da dignidade, do valor do trabalho, do esforço e da grana!
Tempos de valores reais, palpáveis, centrais ou periféricos! Tempos nos quais a vergonha na cara era o botox consumido e utilizado largamente para a honra familiar e social.
Rapaz na rua sem carteira de trabalho era preso por vadiagem! Imaginem!
Parece que já vivi cem anos, pois o que vejo hoje me assombra deveras.
Vivemos atualmente a cultura do menor esforço ou nenhum esforço por muitos que sonham obter favores dos poderes constituídos da república, olvidando que, como disse à princípio, essas benesses vão sair de outros bolsos: dos nossos.
Chegamos finalmente à importância da escola para ensinar aos meninos valores reais de honra, trabalho, honestidade, solidariedade, colaboração, respeito como base de aprendizado das disciplinas formais. Ufa! Haja fôlego!

Drª Sonia Regina P. G. Pinheiro