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Férias, para que te quero!

30 | 07 | 2015
Fala Diretora
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Férias, para que te quero!

Quando eu fazia o ensino fundamental, lembro-me claramente que começávamos o ano letivo em março. Julho era um mês inteiro de férias e as aulas terminavam em novembro.

Atualmente, as aulas têm começado no final de janeiro. Teoricamente, com o aumento de dias com aulas, seria de se esperar que nossos alunos, aproveitando mais contato com a cultura escolar, tivessem um aumento substancial no conhecimento. Ledo engano!

Ao que parece, nossos meninos estão menos preparados do que os meninos de outrora e com mais dias de aulas! Espantoso!

O que será que acontece para que os resultados obtidos pelo nosso alunado sejam aquém do obtido outrora? Mistério!

Embora tivéssemos um mês inteiro de férias em julho, nossas professoras tinham o hábito perverso de mandar uma lição de casa cabeluda! Tinham a pachorra de calcular um tanto de lição por dia! Férias?

As tarefas eram na sua maioria atividades mecânicas para cansar a mão: dez vezes a tabuada do 2 ao dez! Números de o a 1000. Cópias e cópias de textos. Redações com relato do dia a dia. Mãe de Deus! Se isso fosse feito hoje, é bem capaz da professora ser presa por maus tratos a incapaz!

Ando sempre analisando e comparando atos do passado com o presente e espichando os olhos para o futuro. Como será a coisa daqui a 20 anos?

No passado, importância na letra. A letra era o retrato de quem a escrevia! Importância na leitura em voz alta. Saber a tabuada de cor era imperioso. Menos dias na escola. Mais dias para brincar na rua com a vizinhança.

Hoje, quase nenhuma importância à letra, pois é só escolher o tipo de letra e o computador faz a tarefa. Para quê saber a tabuada? Besteira! Mais dias na escola e pouco ou nenhuma condição de brincar na rua e às vezes nem sequer saber quem são seus vizinhos. Meu caso, moro num condomínio no qual as relações se resumem em bom dia e até logo. Não sei o nome de ninguém e talvez ninguém saiba o meu.

Penso nos coitados dos alunos do passado que massacrávamos com tanta lição de férias. Penso também nos nossos alunos de hoje que ficam soltos nesses dias, atormentando a mãe, a avó, a empregada ou quem de direito esteja em casa com eles. Querem comer a toda hora. A porta da geladeira e a do armário não têm sossego. Ficam gastando as digitais no celular, no tablet , no computador ou nos vídeos-games. Ócio físico e mental! Pena!

As famílias ficam contando nos dedos os minutos para que voltem para a escola. Assim dão sossego. Pasmem!

Enquanto isso, esperamos nossos meninos em agosto para que retomemos nossa tarefa de ensiná-los. Para alguns deles, sabemos, a escola é um bálsamo: local onde são mais felizes e onde têm amigos para compartilhar saberes e inquietações.

 

Sonia Regina P. G. Pinheiro